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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Das Inutilidades

- Damáris Lopes -

Inúteis são pesadelos,
comidas sem tempero,
brigas no trânsito
adornos no cabelo.

Inúteis são lentes coloridas,
olhos que não têm vida.

Inúteis são lágrimas de amor perdido,
minutos calados, sufocados gritos.

Inúteis são lábios pintados,
sem os teus aos meus adicionados.

Inúteis são coisas estragadas,
boêmios sem madrugadas.

Inúteis são palavrinhas, palavrões,
dores de cotovelo nas canções.

Inúteis são manhãs de ressacas.
Diamantes em mãos fracas.

Inúteis são porta-retratos,
desfilam ressabiados
dentro deles, nós dois.
Mas dois, do lado de fora,
distantes, magoados, agora,
como tais porta-retratos,
inutilidades são também.

Então, ali, enquadrados,
inúteis somos os quatro e,
todo o amor que se tem.

Encontro



*foto da amiga Ana Catarina (Portugal)

- Damáris Lopes -

E nquanto caminhas no meio fio

N o lugar onde vivemos verão e frio

C oncede-me em bondade tua lembrança

O que houve por bem, na memória da infância.

N oites, dias, crenças juvenis, ideais

T omas pois, este acróstico novo encontro

R umas estes versos a uma foto, e pronto,

O nde o sonho fará lembrar de mim, e muito mais.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quando outra te tocar

Quando outra te tocar
Damáris Lopes Vieira


Não te cales do amor ao segredo
Sem o gemido que trará a ti, o bem
Contrastes permitas sem falso medo
Sob as plumas do travesseiro que convém.

Talvez tilinte o colchão de uma cama
Ou te impulsione a força, pelo amor da hora
Faze então, do teu corpo, gozo que proclama:
Esse amor não enterra o de outrora.

Ao herdar as mãos de mulher outra
No solto corpo como amante quente,
Descubras carinhos, a lembrança consente.

Perdido pois, em sonhos de quem por ti foi louca
E, mesmo distante, reconheces sem fim
Ao toque de outra sempre sintas teu resgate a mim.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Triste Pombo-correio

- Damáris Lopes -

*para os amores que tanto precisam da simplicidade.

Por ela:
Encontrei um pombo-correio,
e ao pegá-lo, meio sem jeito,
testei seu bico como leigo,
era ágil e perfeito.
Haveria de carregar direito
todo impregnado em meu peito,
então, o despachei.
Fácil acreditá-lo, pois o voar tantos kms
seria bico pra um bico a serviço do amor.
Assim, amanheci meu dia,
despachando coisas
que só um coração apaixonado faz.
A mensagem simplesmente, dizia
- BOM DIA !!
Ao pombo, só disse:
- obrigada, pelo favor.


Por ele:
A Chegada...

O pombo aqui chegou meio cansado,
meio triste e eu perguntei a ele:
- O que te aflige, pombo, foi o peso da carta que conduziste?
E o pombo respondeu, ainda pousadinho em minha janela:
- Não, é que eu tanto desejava na volta te levar para ela!

domingo, 21 de junho de 2009

Volta


- Damáris Lopes -

Volto,
mão do contra fluxo,
zigue-zague, ando.

Destra, mais que nunca,
sem farol pra penumbra,
volto à vida pouca.
Largo vaga tua boca
ao beijo de outro alguém.

Não dirijo muito bem.
Volto sem luxo,
contra mim, contra fluxo,
como quem já pagou multa.

Volta cabisbaixa.
Desleixada, a próxima curva
é última.
Imagem congelada,
que os olhos não vêem mais.
Volto à vida
condutora da despedida,
e, o pára-brisa embaçado
enxerga tudo nublado,
mas consegue ainda dizer,
perdida minha moradia,
jurada por tantos dias,
eterna, em você.

Por Acaso

Damáris Lopes

Caracteres, bits e gigas
ícones, mails,
meio mensageiro,
varam lua, varam sol,
ano inteiro.

Jeito do papo,
abraço sem pauta,
cibernético compasso,
faz de mim torre de estação,
sou mais um internauta.
(Entre tantos – já que não falta)

A mão tem LER,
mesmo assim, coração não quer
abolir o digitar.
É medo que no caminho,
sem mão de um carteiro,
abraço apressadinho,
vá pra outro endereço.
Inútil deletá-lo,
pois já foi passado
deste computador
para outro usuário,
(desnecessário).
No próximo contato, com prumo,
acerto do link, o rumo,
atento à tecnologia,
e, em alta prioridade
envio meu abraço
só pra você,
por acaso.
(será?)

domingo, 14 de junho de 2009

Sinaleiro da Comunidade

-Damáris Lopes-
Na bondade que carrega
a turma da minha rua,
existe vermelho sangue
amarelo de amargura.
Na calçada desta rua
sob o velho pé de Ipê,
morte se esconde da lua
testemunha do porquê.
Meio fio, frio córrego,
vira brejo esquecido.
Mal sem base prolifera,
foi o tal do amor, banido.
Nesta fossa à céu aberto,
odor é dado menor.
A janela sem tramela,
licença dada ao bandido.
As portas desta rua
na verdade são cortinas,
tão fracas se vêem nuas,
overdose, adrenalina.
Na maldade que carrega
o outro lado da rua,
existe vermelho sangue,
sinal verde para tortura.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Manhã

Hoje amanheci metade.
A minha outra parte
ainda dorme,
sem alarde,
sem sede,

sem nenhuma vontade.
(JL - poeta)


Manhã de arte.
Fração é teu meio
um pé no meio,
outro meio, sem jeito.
Adormecida vontade,
acorda, é disfarce.
(Damáris Lopes)