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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Alforria




- Damáris Lopes -

Avesso à porta
estilo de moda
em costa nua.

Caminho do vento
estanco bom senso
que não segue à rua.

Na mala, sentada
decreto de minh'alma
não sou mais sua.

Performance arreada
encontro com nada
registro da fotografia

Minha alegoria segura
na mão alforriada.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Tolice // Apenas



Tolice

Voce é uma pluma voando ao léu
e eu um tolo: vivo a sorrir
um sorriso bobo de esperança
sem nem mesmo desconfiar
onde será seu pouso...

A paixão é burra
e vive abraçada às suposições,
quando se dá conta do engano
se perde na busca do reconhecimento
e, encontra o anonimato por companhia.

- Marçal Filho -
 


Apenas

Tolice é qual mesmice do meu cair,
perde-se em queda mansa...
nem graça tanta do pouso insonso
me repousa.

Aí, certo estás: burra é a paixão
já que te cega e errado calcula
o lugar do meu pouco amparo.
Assim, vejo sem prumo o vôo
inseguro de tuas suposições.

Sou como pluma ao léu
sob irônico céu do pensar
e, caio com pena, por apenas
não sentires que só
em ti, anseio pousar.

- Damáris Lopes -

Muito honrada com a participação do grande poeta mineiro Marçal Filho



domingo, 25 de julho de 2010

"Nosso trato" Glória Salles e Replica de Damáris Lopes - "Assino nosso trato"

“Nosso trato” 

Fixamos um trato, meu coração e eu
Não nos lambuzarmos em palavras de mel
Que naufraguem sonhos, em pleno apogeu
num mar de ilações, onde o doce vira fel

Não pulsar ,desesperados por um querer incerto
Nem nas grades do desejo deixar-nos arrebatar
Conhecer nossos limites, ir no âmago do afeto
Desse elixir suave nunca mais nos embebedar

Não nos deixar levar nas asas de todo vento
Pois nadar nas ondas da loucura é tormento
E por mais que nos  custe ver na razão o viés

Não respirar emoções, cujo ar não nos furta
Pois sentimento qualquer, é feito coberta curta
“Quando a cabeça aquece, congela-nos os pés...”

- Glória Salles -





       (Réplica)
Assino Nosso Trato


Melado mel que flamba ao rubro caldo
Decanta meu eu a favor do turvo pacto
E o corpo bailarino que dirige o palco
Decreta ao amor duras cláusulas neste ato.


Cumpridor sou das veias do querer
Aceito o pulsar menor do universo
Ao sufocar desejos deterás teu ser
Provável assim, num amor submerso.


Sofrer diminuto não sobrepõe à regra
Avesso aventureiro afiança teu viver
Por fim, curvo-me quieto à lei do bem


Nosso trato finca rédeas a tua entrega

Terás a pena pelo amor que merecer
Melhor assim, que pulsar por ninguém.


- Damáris Lopes –





sexta-feira, 9 de julho de 2010

A Minha Estante


-Damáris Lopes-
(após ler "Minha Estante" de Naldo Velho)



O mundo está aqui, na minha estante
Não distante, na casa da outra rua
Só mudamos os relicários
Pois a madeira, forte guerreira
Empena os mesmos pesos
Outras tantas delicadezas
Que as prateleiras avalizam em gramas
Até o olhar de quem passa e ama
As coisas emolduradas
Roubadas de você
Seu sorriso, sobrancelha arcada
Zangada pelo dia curto
Seus surtos - sua digitação exímia
E um rebento assobio
Desafio da nova canção

O mundo está aqui...
Não deveria, é só uma estante
Mas retrata tanta vida
Que até o ranger da gaveta, solicita
– Pega meu livro, querida...

O mundo está aqui
E, mal vejo a madeira ordinária
Legado do dinheiro
Assumo a estante carregada
De palavras que lhe ungiam
Neste lugar predileto

E, neste seu canto seleto
O sono foi profundo
Você me esqueceu...

Construí outra estante
Agora, por um instante
Quem se perdeu – fui eu.
Me dei conta, a minha ainda está vazia.
Nem cristais, livros ou diplomas
(Se lá vivem, em mim não estão...)
Restam enfileirados sonhos
De toda nossa vida
Pois quando em frente passo
Vejo seu lábio arquivado
Por usocapião
- Pega meu livro, querida?


Pelo Pier





- Damáris Lopes -

Caminho estranho este meu
Tão sem nada adiante
Talvez afunde por tudo
Ou no nada, ao fundo
Talvez afunde
Por diamante.


O pier já existia
Eu que nem sabia
Lá fui colocada
Andei milhas
Esqueci estradas
Descalça e quieta
Procurei suas estacas
Em vão...
Sequer degraus



O pier é estreito


Frescura seria quintal
Certo é seguir em frente
Sem espelho
Não olhar pra trás
O lado é falho.
Sou andarilho
Num trilho capaz
Sobre a água
Sobrevida
Nada mais.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Solidão


- Damaris Lopes -


Anda meu pé desidratado
Sem palmilha de proteção
Além do pleno absurdo
Meu apetite nulo
Na vala da solidão

Te procuro

Caso sério esse presente
Mistério do ausente
Me doado sem porquê

Conheci o triste
E tudo mais que não existe
Na vida sem você

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Rumo do Destino

- Damáris Lopes -


Vem esse destino meio troncho
Meio roxo, a me destilar
Sabe ele que me escondo
Por vingança, rouba-me ar.

Desatino puro, meu egocentrismo
Porto sóbria maneira em dominá-lo
Driblo incapaz ao fatalismo
E, constrangida me ouso calar.

Louco jogo, esse da vida
Largada na partida
Garantia não é da vitória
Lutas e trocas têm troco
Estiagem na terra, lição no rosto
Preço estimado a quem com tinta
Pinta roxo sua história.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Anoiteceu



- Damáris Lopes -

 Sorrateira, a tarde úmida anseia essência da noite
Vestes pardas, taciturnas, guardiãs ao breve açoite
Quando peito solitário, do luar sente a dor
Alvejado passageiro, sucumbe veloz a este amor.

Roubada doce face, busca fase penitente da lua
Não fui fruto semeado, nem ceifa da alma tua
E da messe tão distante, talhado restou meu plantio
Jardim aberto flutuante, sobrevoa agora o vazio.

Vãs foram as rosas coloridas desfiadas dos espinhos
Resignadas ao velho balde que perdia água e carinhos
No entardecer da tristeza, cruel o orvalho atesta
A lua que nasce brilha, mas não cede nem uma fresta.

Contundente é o momento que revira a natureza
E perverso tece a trama das pedras com proeza
Vencidos estão os dias ao passar da estação
Quem amei entardeceu, foi atalho da escuridão.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Noite Te Espera



-Damáris Lopes -


Não corre vácuo neste sangue quente
Onde habita só, a intuição do ser
Onde derrame jorra inocente
Amor profano que anseio em ti viver.


E, pela face demolidora e ativa
Vestígio explosivo vem-nos agir
Forte é o peito que aquece tua diva
Como quem pede a pele para cerzir.


Vens na destreza de tua conduta
Aos pés daquela que ousa e seduz
Como artífice tece filigrana


Deixes ardentes os corpos em luta
Sem o dormir da cama por tanta luz
Sem sono espera a noite que te clama.

sábado, 17 de abril de 2010

Amor Distante

- Damáris Lopes -

Eis a colheita feita
Destes percalços de vida
Amargor das longas dietas
Doces dos dias de festas
Cheiro único de mar
Jeito diferente de amar
Tristeza que é só da gente
Quando o longe não traz alcance...

Dê-me teu instante
E, tudo em nós semeado
Seja utópico
Meu atípico amante
Presente no fruto colhido
Ceifa seleta d’alma
Alimento do meu terno coração
Eterno na razão da minha lida.

TALVEZ

Talvez sejamos
aqueles antigos
poetas imortais
em novos
corpos e metas
procurando
os mesmos locais

- Louis Alien -


Talvez sejamos esboços
dos amanhãs
cruzando nossas linhas
no espaço tátil da poesia,
talvez...
de certeza essa coisa
de encontrar o que parece
que se perdeu!

- Ana Luiza –


Talvez sejamos
o não, o sim
o fim, o ideal,
a parte, o todo.
Talvez só sonho
a procura do local
Talvez a dúvida
do porque.
Talvez meu lugar
seja voce...

- Damáris Lopes -


Talvez sejamos
o passado de volta
a brincar com o presente
desenhando um novo futuro
um mundo que se pressente
sem ressentimento ou muro
sem ódio por toda volta
a brilhar infinito nos séculos.

JL- Semeador

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Rascunho

- Damáris Lopes -


Juntos escrevemos um poema
Sílabas cadentes e tônicas se uniram
Criaram o tema.
Pontos eram inevitáveis
E, frágeis as interrogações
Aspiravam respostas...
Estrofes idiotas
Nem tudo era lindo
Versos ungidos, sem brado de voz
Falavam de lua, de mar
De mato, contas a pagar
E de nós, pequenos hai-kais
Nas mãos, o mundo
Até o fundo submerso.

Não te esqueço jamais...
Estonteante parceria
Noites e dias de amor
Precedidos de poesia
Sem estética.

Atropelados pela gramática
Ignoramos a prática
Rendemo-nos ao hiato
Separou-se a escrita
Sem lema
Meu monólogo, um teorema
Me cansa
Desprovida da matemática,
Diminuo-me nas lembranças
E minh’alma em prece balbucia
Sem poesia, o teu nome...
Volta, seja meu pretexto,
Meu sexto sentido
Reencontro do poema perdido.

domingo, 7 de março de 2010

Sozinha e sem Tempo



-Damáris Lopes -

Ouço o tic, vejo o tac
E meu pé finca no chão
No trem não vou
Longínqua, minha estação

É a pressa - que me resta
A dar conta deste dia,
Mais um tic, mais um tac
Do relógio em covardia!
Atrasa, não adianta
Há de ser falsificado
Anti-herói, anti-horário,
Não segue tempo esticado.

Não dou conta do recado
Aflijo o tic e o tac
Como não houvesse som
Do ponteiro em destaque.
- Perco o trem.

Talvez, no seguinte, eu parta
Sem o tic, sem o tac
Que me atrasam também.

Amanhã na estação,
Darei corda no relógio
E do meu pulso,
Por impulso impróprio
Dele, o curso será um não.

Então, partirei
Sem o tic, sem o tac
Com o toque do meu passo
Não "tic-tarei" o tempo
Partida de mim,
Despojada de outros bens,
certa, no trem que vem...
Trem que vem...trem que vem
Sem o tic, sem o tac,
Sem o tempo
Só eu, mais ninguém


** Imagem presente da amiga e irmã Lisete Silvio

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Vingança

-Damáris Lopes -


Arrisco escrever deste teu jeito
Quando te encostas, e me tiras a pressa
Controladora do meu corpo, feito
Leitura que só a mim interessa.

Não mente este calafrio
Percorre ácido minhas membranas
E como pão que como e fatio
És fermento sólido
Que ao estômago engana.

Oportuno, te devoro com gana
Ambição ingênua de quem maltrata e judia
Sem restrição, teus desvios me encantam
Assim, me vingo em paixão doentia.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ao Meu Professor


- Damáris Lopes -


Seria eu, seria tantas em pedaços distintos
Talvez geminiana desenfreada
No abc da primeira cartilha
Sonho faminto.,
Da “Caminho Suave”, te lembras?

Acorde sem rítmo
Da despautada nota
Sem sol,
Ai de mim!
Anzol sem isca
Perdida na pista
Sem pista pra te encontrar.

Sábia escola, esta vida de arte,
Não te vi tarde
Nos meus cinqüenta
Onde a interrogação ainda me tenta
E lendo em linhas tortas
Onde Ele escreve certo
Tropecei em versos no ar.
Caminho perto pra te achar.

Por dito e feito
Na tua linguagem sóbria
Me fiz própria
Pra provar das tuas sílabas
E delinear o jeito
Do meu re-desenho.



(Imagem, gentilmente cedida pelo poeta Naldo Velho)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PAQUETÁ, ILHA DA POESIA

-Damáris Lopes


Engraçado como o tempo, tuas marcas contradiz
se séculos ocultassem anos, serias menina aprendiz,
pois na antiga história, teu seio é juvenil.
Pele brilha adolescente, em vestimenta de senhora,
sob tecido faceiro, desfilas agora credora,
em tempo, bem feitora, dos poetas do Brasil.

Nas ruas areosas onde olhos vivificam
Batem ondas da Baía, que te margeiam, filha.
Sombra de coqueiros refresca este pequeno Rio,
que viveu tantos janeiros a enfeitar casarios.

Das tuas charretes, a rota, contrasta esta gente,
que ora te honra e cultua de maneira diferente.
As moreninhas de hoje, por mais, possuam graça
distantes estão daquela, de Macedo, tão recatada.

A beleza de tuas praias ainda embala inspiração,
E, no canto de cada pássaro, cada nota, soa canção.

Reluzente, o sol conduz a barca ao caminho,
o pórtico se abre em graça e caloroso decreta:
- bem vindo seja o carinho do povo e dos poetas.

Pela sombra das Paineiras, cheiro, sol e maresia,
pela brisa do teu jeito, Paquetá, aqui proponho:
De ora em diante aceites, sempre Ilha da Poesia,
Assim seja teu sobrenome, glória e vida deste sonho.



** Este poema nasceu da química que Antonio Poeta, projetou nos amigos, a partir de sua dedicação e trabalho com a finalidade de inserir ao nome Paquetá, a Ilha da Poesia, fazendo dela sua sede. Parabéns, amigo, pelo seu trabalho constante.
portalantoniopoeta.com.br

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Algemas

-Damáris Lopes -


Disponível está minha sentença de liberdade
Quero pois, as garras da prisão
Do meu olhar em tuas mãos.
Atada, enroscar-me ao aço dos teus nervos ópticos.
Caóticos os passos que me deixam
Amassam frios nossa verdade.

Quero até a mentira do disfarce
Das noites mornas, sem o veneno das tardes.
E, nas grades desta cela me apetecer da saudade
Dos pelos, das tuas entranhas.

Não me estranhe.
Te reclamo – é o preço – o apelo
Pra ficar ao lado teu.