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segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Descanso na rede

(Damáris Lopes)
Desfiado, pobre pano,
em trama de forte tecido,
descansa vida sem plano,
o drama não foi banido.
.
Camarote de privilégio,
vê a grama amanhecida,
da solitária varanda
conta noite mal dormida.
.
Beija-flor é companhia,
que à pedante agonia,
cheira, suga e abranda.
.
A rede, torta, me acolhe,
veste ouvido,diz-se morta.
Elegante só transporta
mais que corpo esquecido...
mudo e súbito gemido.
.
A rede de nobre tecido
disfarça-se silenciosa,
como não soubesse que balança,
além desta alma criança,
saudade do amor querido.
.