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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Amantes

(Damáris Lopes)

Sádica, a tarde esconde
dois entre escombros,
sem eira sem beira,
onde beiram quatro ombros.

Nu descaso - puro acaso,
amor maduro.
Terra molhada, telhado seguro,
resquício de chuva,
é corpo suado,
promessa, travessura.

Roçadas as pernas
invadem as portas
das tortas paredes
que segredam tortura.
Ouvem, restrito,
fonético gemido
em cio animal.

Rosto surpreso
ao outro que é preso
pelo prazer,
feroz encontro carnal.

Sádica, a tarde esconde
dois corpos num desejo
e, mordem alucinados,
lábios que antes
seriam só beijos.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Teu Beijo

-Damáris Lopes -
Como faz engordar-me o doce
Ao saborear os lábios teus
Onde o beijo, como fosse,
Doçura que adoça aos meus.
No encontro que aflora
Sinto entregar-me a um bem
Meus lábios iniciam a hora
Que ultrapassas quando os tens.
Sem indagar o vento,
Sob teu beijo, paralisado,
Sem ponteiro corre o tempo
Teu amor está conjugado.
Dá-me pois, sublime encontro
Sutil quando o permito,
Ou em forças como confronto,
Tua boca não resisto.
Soam rimas neste beijo
Mesmo em olhos vendados
Invade-nos tenro desejo
Desse beijo de amor molhado.
Suplicas então, minha boca,
Ainda em ato roubado,
Rendo-me à resistência pouca
Ao teu beijo, meu doce amado.

Infinita Vontade

*Foto de Clark Litte

(Damáris Lopes)
Arrancas de mim, meu querer
antes que pura dor extravase
Se faz claro, dor é essa de doer,
num peito chorador de saudade.
Me abraças com teu corpo nu
permitindo-me nele esquecida,
prender-me ao teu amor sem tabu
e, sem pudor, aclamar-te minha vida.
Sejas pois, quente e sólida coberta,
a aquietar a turva alma desperta.
Concretizes meus sonhos em verdade,
Tomas-me como mulher pedinte,
e que neste meu corpo tilinte,
por ti, essa louca e infinita vontade.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sem Título

Damáris Lopes

Vinga, meu poema calado,
patético, transtornado,
leviano, por mim.
Cresça, meu poema descontente,
feito poeta emergente,
felino pelo querer.

Morda, meu poema comilão
mastiga minha razão,
azede como o vinho.

Tempere-me agora,
sem problema.
Trabalhe, meu poema...Psiu! quietinho!

Faça de mim, açoitado,
adjetivo ornamentado
por substantivo composto,
para que na estrofe seguinte,
não seja eu, pobre pedinte,
mas poema sem desgosto.