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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O amanhecer na varanda

- Damáris Lopes -

Livre a arte do amanhecer
no colo do dia chorão,
apetece minha fome
enraizada na paixão
da grama incomodada
pelo audacioso sereno
cedendo à amarela cilada,
do sol e seu aceno.

Abre o dia fervoso
e, da varanda preguiçosa
vem a vaidade fresca,
pela aragem das entranhas
da mata, morada sapiente,
em mansão lúdica e experta,
do cheiro capim-limão
ao antídoto que acoberta.

Fértil o chão que sustenta
a artimanha do universo,
feixe de leis exóticas e
tramas da mãe natureza.
Afinada orquestra em concerto
confunde física e nostalgia
à química da varanda preguiçosa
quando amanhece o dia.








Anatomia

- Damáris Lopes -


Está meu corpo ao teu corte exposto
E dissecado encontra-se ao revés
Na leiga ação do coração preposto
Em trato feito, te aceito como és.

Olho nu, assim, detectas minha miopia
E, da mão, a concha que nada segura
Descontrole de quem que te quer todo dia
Em pedaços que sonham tua captura.

A boca denuncia a falta dos limites
E o peito contraditório respira o ar do céu
Ansiedade do coração é tenro palpite

Das veias que brindam o sangue da raiz
Margeando artérias que me permitem réu
Atormentadas e fiéis, me querendo feliz.




terça-feira, 8 de novembro de 2011

Saudade é dor de amor

Saudade é dor de amor




- Damáris Lopes -


Perdura a angustia dos meus sonhos
Saudade intensa que em mim eclode
Dor maior inexiste à alma, suponho
Que cansada, suportar mais, não pode.

Nas densas nuvens te exploro e alcanço
Ainda que alturas revelem-nas vazias
É desejo que constrói e remoi manso
Impulsivo anseio de ver-te em meus dias.

Transgride o tempo como pode e permite
O viver do hoje na riqueza do passado.
Amor nascido feliz tem preço na morte

Se cala inerte e impotente ao palpite
Onde silencio brando substancia o brado:
Saudade é dor de amor, chorando pela sorte

Soneto da Petição

- Damáris Lopes -



Creias em meus tremores e rebeldias
Que resistem quando sinto-me cerceada
Não pela natureza maior dos ralos dias
Pela reação do corpo em abrigo ao nada.

Incapazes minhas células desoxigenadas
Se permanecem distantes ao abraço teu
Perdem o rumo e descobrem-se fadadas
Ao desencanto ilhado sob luar em breu.

Coração preterido é dado sem prumo
Busca os teus escutares como apelo
Anseia do teu toque, faminto consumo

Como rogo de quem suplica e murmura
Esgota incansável, o mundo, por teu zelo
Que há de resgatá-lo da penosa clausura.

Noite Mãe

- Damáris Lopes -


Olha a noite esfuziante
Transporta muda o silencio
Se uivo do lobo atento
Não rompe o movimento
Assim, minutos perpassam
Sob olhares disfarçados
E o choro ali contido
É calado e notívago.
A noite não vadia
Opera guardiã
Pra não deixar o mal
Se instalar na alma vã


Corre escura e poderosa
Com frenéticos olhares
De quem fotografa
Em posição dos ares
Corre escura e poderosa
Como ladra do agente dia
Que desdenha o rei sol
Mas se dobra à lua rainha.


Olha a noite esfuziante
Onde silencio oriundo
Transporta quieto os olhos
Do coração vagabundo.


Corre escura e poderosa
A noite que apaga o dia
Que acende vagalume
E faz parir a boemia.