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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Violencia


Damáris Lopes-( ao lembrar tristemente a morte de João Hélio, 6 anos, no nosso Rio de janeiro.)

Vai, que na lida da estrada
no chão cuspido do verso cruel
um sangue caído, fecunda o ordinário
amargor do lamentável fel.

Vai, com ar exaurido
trajeto perdido, sem consolo à nação,
o silencio do choro obtido
da ignorante lei da suja absolvição.

Vai, a tristeza da gente
da força impotente
ao fundo do poço.
Vai, o falido consciente
do sistema rendido
aos valores do lodo.

Vai, a disposição barata
inerente aos réis, onde foi feito o nada,
devido pois, são os frutos da árvore plantada.
Vai, o medo do povo
que só quer da cidade, o direito de andar,
Vai, a desculpa sem graça
do colarinho que passa
sem dignidade pra governar.

Poesia



(Damáris Lopes)

Poesia , desafeto seria,
ou verso recalque?
Promessa feita
desfeita em saudade.

-Seria um gesto tolo?

Alguém debruça na janela
distraído vela olhar morto,
desengonçado,
coitado, anda à toa.

-Seria isto poesia tola?

Amor que dói fundo
desses: - se dane o mundo,
mas vou até o fim.

-Seria isto verso estopim?

Poesia é coisa alegre,
destas que consegue
desfolhar rosa e mulher,
margarida do bem-me-quer.

-Seria poesia, orgia?

Puro pranto, ou rebelia.
Não! Poesia, tem idade
é coisa antiga, serenidade.
Gerou-se no primeiro talento
Nasceu bem antes do tempo.
Com o sol, vingou a primogênita
-Bom dia! Fez-se o primeiro verso.

-Seria poesia um cumprimento?

Ou inverso, introspecção.
Sei não – dia destes
provoco encontro
tolices da poesia
e sua inútil definição.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sussurros

(Damáris Lopes)

Tocas meu corpo e,
no concreto do substantivo,
me digno a aceitar tua pena,
sei que em teus braços morro e vivo,
não me transubstancio, apenas.

Sou mais, muito mais quando me ultrapassas,
e usas como instrumento, meus ouvidos.
Perco instantes que passam, porque me calas,
quando teus sussurros desalojam meus sentidos.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Quando Primavera

(Damáris Lopes)

Quando a primavera entrar,
o riso cativeiro,
feliz, desmedido,
da alegria, muambeiro,
virá comemorar,
a volta do amado,
atrelado bem-querer,
cheiro impregnado,
resquício do passado,
do meigo jeito teu, de ser.

Recatada insensatez.,
dos teus, meus olhos serão alvos,
da verde timidez....

Garantida rota da inversão,
tempo outonado, precário inverno,
verão feito coitado,
morte fiel fará a estação!
Ineficaz termômetro,
tudo florido
será considerado.

Quando a primavera virar
irreverente,
sorridente,
coquetel de jasmim com aguardente,
me embriagará de ti.

Terei de volta, se bem me lembro,
nos doze de cada ano,
anos cheios de setembro.

Teu retorno será motivo
da primavera, primeiro,
do riso cativeiro,
da falta de juízo.

Luar de Mim


Luz que em mim se tranca,
também me alavanca
ao direito de transgredir.
Luz que às vezes me encanta,
porque me deu esperança,
porque me fez criar,
porque me fez parir,
porque me fez amar,
porque me fez doar,
que deu entendimento,
para aceitar as marcas
nascidas em algum momento
que me pus a duvidar.
Luz que me deu forças
para suportar as coisas
que queriam me declinar.
Luz que brota de um soprar divino
de quem embala meu destino
e, me põe a sonhar.
Luz, inerente ao meu querer,
ao saber de cada dia,
me faz agradecer
e me dá sabedoria
de não viver a chorar.
Luz que me faz dona
de um luar calado,
que por um amor foi amparado,
e, só por causa disto,
começou a brilhar...

(Damáris Lopes)

domingo, 25 de janeiro de 2009

Do Eclipse

(Damáris Lopes)

Vejas que, ontem a tarde,
Como ferida que arde
Ardi por te encontrar.

Senhora, valeu a pena,
Sem igual, estavas morena,
Mesmo assim,
Ficaste a brilhar...